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Gestão de crise de imagem em um órgão público

Primeiro ponto de vista sobre como o Decom da Prefeitura de Tubarão lidou com a prisão do prefeito e vice da cidade

Sejam bem-vindos!

Como prometido na última semana, trago uma reportagem especial abordando cinco pontos de vista a respeito de uma grande crise de imagem gerida pela comunicação de um órgão público. Destaco que a matéria jornalística e as opiniões trazidas referem-se exclusivamente aos fatos e impactos da crise de imagem na prefeitura e as estratégias utilizadas para geri-la.

Boa leitura!

O dia 14 de fevereiro de 2023 iniciou movimentado desde as primeiras horas da manhã. O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) deflagrava a terceira fase da “Operação Mensageiro”, o que resultou na prisão do prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli, e do vice, Caio Tokarski.

O fato entrou para a história do município e virou o principal assunto entre os moradores da cidade catarinense, assim como pautou os jornais, portais, rádios e programas de televisão daquele dia em diante. As investigações que apuravam corrupção em contratos de limpeza urbana seguiu ganhando novos capítulos semanas atrás de semanas e a imagem da prefeitura adquiriu desde então, uma mancha, criando-se a reputação de um órgão corrupto.

Enquanto os agentes cumpriam mandados de busca e apreensão dentro do Paço Municipal acompanhados pelos próprios políticos, o Departamento de Comunicação (Decom), já iniciava os trabalhos e tinham um grande desafio pela frente. Gerir uma crise de tal magnitude envolve vários setores e decisões judiciais, mas neste momento, a comunicação de qualquer órgão ou instituição, faz a frente para esclarecimentos à mídia e por consequência, à população. Com o Decom não foi diferente. Ao fim daquela manhã, a primeira nota oficial era publicada, confirmando o cumprimento dos mandados na prefeitura, ressaltando que os dois chefes do executivo prestaram os esclarecimentos solicitados e que ambos foram conduzidos até Florianópolis para a audiência de custódia.

Primeiro ponto: estratégias utilizadas

Conforme destaca o ex-Assessor Especial de Assuntos Governamentais e Ouvidoria, e também gestor responsável pelo Decom na época, Ramires Sartor Linhares, a estratégia usada pelo departamento foi comunicar todos os acontecimentos de forma mais clara possível enquanto os assuntos interessavam ao município. Uma das preocupações inclusive, foi a exatidão da primeira nota oficial, pois na visão de Ramires, que também é jornalista e escritor, em uma nota oficial não pode haver retificações.

“Gerenciar uma crise sem ter as informações é um grande problema”, destaca o gestor. Naquela altura, o processo corria em segredo de justiça, portanto, não era possível responder a mídia todas as dúvidas e nem tomar novos posicionamentos. Como prefeito e vice foram presos, não era possível confirmar para a população quem assumiria a prefeitura. A segunda manifestação organizada pelo Decom veio já no fim da tarde, após a decisão da Justiça de Santa Catarina confirmar que o Presidente da Câmara de Vereadores de Tubarão, Gelson Bento, assumiria de forma interina o executivo municipal. A coletiva de imprensa foi organizada e Gelson passou a responder em nome do município a partir de então. Novos capítulos foram repercutindo na mídia a respeito dos dois políticos, mas Ramires enfatizou a estratégia inicial: “a imprensa vinha perguntar pra gente, mas a partir do momento que foram afastados, saímos do caso”.

O Decom comunicou as informações referentes a prefeitura, como por exemplo, as renúncias de Joares e Caio, o comunicado sobre a eleição indireta e a coletiva de imprensa com Jairo Cascaes e Moisés Nunes, novos prefeito e vice que assumiram em agosto deste ano. “Fomos elogiados pela agilidade no comparativo com outras prefeituras que passaram pelo mesmo problema. Quando falamos em gestão de crise, citamos a prevenção, mas nesse caso, era impossível projetar o que aconteceu, ninguém imaginava. Procuramos dizer tudo o que tinha que ser dito”, finaliza Ramires. Internamente, o Decom observava as novas informações veiculadas na imprensa, monitorando se algum novo episódio teria relação com a prefeitura, que por consequência, deveria se posicionar. Apesar do monitoramento, não houve clippings específicos. Ramires deixou o cargo na última segunda-feira (25/09), para assumir a Fundação Municipal de Cultura da cidade.

Para não tornar a leitura desgastante e concluir a análise com os demais pontos de vista, dividirei a reportagem em partes.

Te espero na próxima semana!